Qigong: o exercício ancestral que está na moda e porque deve experimentá-lo

O Qigong (pronuncia-se chi-gong) tem milhares de anos, mas, ultimamente, está na moda nas redes sociais. Apesar de ser uma forma de movimento delicada, tem uma surpreendente série de benefícios para a saúde. Abaixo revelamos aquilo que deve saber sobre o Qigong, desde a sua origem, benefícios e porque é que é o exercício perfeito para ajudar a sobreviver à mudança de estação e não só.

 

O que é o Qigong?

 

Com base na medicina, filosofia e artes marciais chinesas, o Qigong é uma combinação de movimentos suaves, boa postura e respiração. Envolve fortalecer, fazer alongamentos e também meditar.

 

“Qi” significa energia vital e “gong” é traduzido com frequência como trabalho, portanto o Qigong é geralmente visto como uma abordagem holística para melhorar e cultivar uma energia vital saudável. Uma energia que está dentro de nós, mas que também podemos aproveitar do universo.

 

Há duas categorias habituais no Qigong: o Qigong dinâmico, ativo (dong dong), com movimentos fluidos e o Qigong relaxante e meditativo (jing dong), com posições estáticas e maior foco na respiração.

 

De onde vem o Qigong?

 

O Qigong tem milhares de anos e é anterior ao Tai Chi, que é provável que se tenha inspirado na forma ancestral do Qigong.

 

Muitas pessoas acreditam que remonta ao lendário primeiro imperador da China, Huang-Di, também conhecido como O Imperador Amarelo (2696-2598 a.C.). Desde então, houve muitos métodos diferentes de Qigong, desde a prática vital diária de Confúcio à versão de Qigong saudável da atual Associação Chinesa de Qigong Saudável (ACQS), que foi formalizada e apoiada pela ciência.

 

Quais são os benefícios do Qigong?

 

O Qigong é especialmente bom para as mulheres, uma vez que a menopausa acelera a perda óssea e o Qigong ajuda a aumentar a densidade óssea. Um estudo de 12 semanas revelou que o Baduanjin Qigong (uma forma medicinal de exercício) previne a perda óssea em mulheres de meia-idade.

 

Outro estudo revelou que a “tensão arterial sistólica e diastólica diminui significativamente” após 10 semanas de aulas de Qigong.

 

O Qigong também foi relacionado com uma melhoria do sistema imunitário. Um estudo revelou que com 30 minutos de Qigong por dia há “alterações significativas ao nível do sistema imunitário” que ocorrem nas pessoas que fizeram o exercício, comparativamente com o grupo de controlo. E, curiosamente, outro estudo revelou que após 5 meses de prática de Tai Chi e Qigong, a resposta dos participantes no estudo à vacina da gripe melhorou significativamente, tendo o autor do estudo anotado “notámos um aumento significativo na magnitude e na duração da resposta dos anticorpos à vacina da gripe.”

 

O Qigong tem a ver com a concentração, movimentos fluidos e respiração e parece que tem o poder de melhorar o equilíbrio num período de tempo relativamente curto. Um estudo revelou que o Qigong melhora significativamente o equilíbrio em mulheres de entre 18 e 25 anos, apenas com uma hora de Qigong duas vezes por semana, ao longo de quatro semanas.

 

Com frequência, estabeleceram-se paralelismos entre o Qigong e o ioga e, tal como o ioga que conhecemos e de que alguns tanto gostamos, o Qigong também tem o poder de reduzir o stress, o que foi provado por um estudo em trabalhadores hospitalares acerca do efeito do Qigong para aliviar o stress. Também se descobriu que melhora a ansiedade e até a depressão.

 

O Qigong comparado com o Tai Chi e o ioga

 

O Qigong e o Tai Chi são semelhantes no facto de, na maioria do tempo, estarmos de pé a fazer movimentos fluidos. Por outro lado, o ioga, originário da Índia, desenvolve-se num tapete e envolve movimentos que incluem posições estáticas que podem ser desafiantes a nível físico. Mas isso não significa que não possamos ficar fortes a fazer Qigong, na verdade tem uma relação histórica com as artes marciais e, como vimos no estudo mencionado anteriormente, pode melhorar a densidade óssea e o equilíbrio.

 

Experimentei o Qigong e é incrível

Por Amy Lawrenson, escritora da Rituals

É uma noite escura e chuvosa e a última coisa que me apetece fazer é abrir o portátil para uma aula online de Qigong. Estou farta de ecrãs. Mas o John Tindle, professor de Qigong em Londres, convidou-me para participar na aula dele. Eu vivo em Amesterdão e na verdade uma coisa fantástica que surgiu como consequência do confinamento é que estamos mais ligados do que nunca e posso participar num treino que está a decorrer noutro país, quando os ginásios que tenho aqui perto estão fechados.

 

O John começa a sessão dizendo que flitamos ligeiramente os joelhos e agitemos o corpo para cima e para baixo. Depois desse aquecimento, começamos a percorrer o corpo com as mãos, tocamos e chakra do coração e estendemos os braços, com as mãos a quererem tocar o céu, antes de as fazermos percorrer as costas e as pernas enquanto nos inclinamos para o chão. Ele fala de atrairmos a energia chi do universo infinito para o nosso corpo e para o chão. Sinto um formigueiro nas mãos, o Qigong tem a ver com a transferência de energia e, à medida que repetimos os movimentos em conjunto, mas ao nosso ritmo durante 40 minutos, esqueço-me de que há um portátil à minha frente e perco-me numa espécie de fluxo meditativo. Mais para o fim, o John diz que imaginemos uma luz clara que flui do universo através das nossas palmas das mãos abertas. Embora os movimentos não sejam cansativos, posso ver como, com o tempo, se pode melhorar a força e o equilíbrio.

 

Depois da aula, tem uma sensação de calma e relaxamento; pela primeira vez em semanas, durmo profundamente. No dia seguinte, acordo com mais esperança e energia do que a que tenho tido ultimamente. Para alguém que se quer abstrair da vida moderna ou que quer algo que não estar sentado(a) enquanto faz meditação, participar numa sessão de Qigong pode ser exatamente aquilo de que precisa.

 

Dê uma vista de olhos a este guia prático para encontrar um professor de Qigong, pesquise no diretório de instrutores da Chinese Heritage ou porque não entra em contacto com o John e experimenta uma das suas sessões online?

 

Amy Lawrenson

Amy Lawrenson

Amy Lawrenson é editora de beleza do Reino Unido, com mais de 13 anos de experiência a escrever para revistas e sites, incluindo ELLE, Grazia, Women's Health e Byrdie. Ela tem um grande interesse em todas as coisas sobre beleza e bem-estar, especialmente cuidados de rosto porque quem não quer uma pele radiante?