Como fazer perguntas com mais significado e desfrutar de relações mais profundas

Já se fartou das mesmas conversas de sempre? Promova conversas com significado e estabeleça relações mais profundas com estas perguntas e dicas de especialistas. 

No nosso mundo agitado e digital, em que as redes sociais reclamam a nossa atenção e a nossa vida parece desenrolar-se à velocidade da luz, é fácil sentirmo-nos desligados uns dos outros. Entre o constante deslizar de ecrã, estamos a promover relações com significado ou ficamo-nos apenas pela superfície das relações humanas? 

 

Embora os nossos dispositivos sejam muito úteis - podemos fazer as compras para casa, fazer marcações e enviar mensagens a amigos que se encontram do outro lado do mundo, em apenas alguns cliques. Também há os inevitáveis pontos negativos. Os períodos de atenção são cada vez mais curtos, estudos revelaram que a solidão está a aumentar e isso levanta perguntas sobre a profundidade e a qualidade das nossas relações com as pessoas que nos rodeiam. 

 

“Como seres humanos, somos criaturas sociais, portanto a interação social é importante para o nosso bem-estar e saúde mental”, afirma Jade Thomas, psicóloga e fundadora de Luxe Psychology Practice. “Criar e manter boas relações com os outros também pode ajudar a combater a solidão e a melhorar problemas de saúde mental como o stress e a ansiedade.” 

 

O caminho para criar essas boas relações e, mais importante, mantê-las pode residir na nossa capacidade de manter conversas profundas e com significado. Ir além da conversa superficial e criar abertura e intimidade nas nossas interações uns com os outros. 

 

“As perguntas criteriosas são a estrutura de qualquer conversa com significado”, afirma Thomas. “Podemos melhorar as nossas conversas ao fazer perguntas abertas, ao fazer uma pergunta de cada vez, estando confortáveis com o silêncio e pensando nas conversas como um jogo de ténis, no qual cada pessoa tem oportunidades iguais de participar na conversa.” 

 

Quer ir mais a fundo? Experimente estas dicas de especialistas para criar relações mais profundas e com mais significado. 

PERGUNTAS PARA SE FAZER 

 

Antes de começar a fazer perguntas mais profundas aos outros, é importante fazer um pouco de autorreflexão, afirma Lorena Bernal, life coach e fundadora de Live Love Better. Afinal, o que é uma conversa com significado se não pode participar nela como sendo o seu verdadeiro eu? 

 

“Estamos mais ligados do que nunca, no entanto sentimo-nos mais sozinhos do que nunca porque o que partilhamos com os outros esconde a nossa verdade, impedindo que o nosso verdadeiro eu seja visto ou ouvido”, afirma Bernal. “O percurso em direção a cultivar ligações mais profundas começa com a introspeção. Ao autorrefletirmos e fazermo-nos perguntas profundas, embarcamos num processo e autodescoberta que é revelador e transformador.” 

 

Bernal sugere que nos façamos estas três perguntas para ajudar a estabelecer as bases de interações autênticas. Também são ótimas perguntas para escrever um diário consciente 

 

  1. O que me traz alegria? 
  2. Quais são os meus medos mais profundos? 
  3. Como quero ser recordado(a)?

 

Leia:Experimente estas 10 formas fáceis de sentir mais alegria. 

 

PERGUNTAS PARA FAZER AOS OUTROS 

 

Quer seja com as pessoas com quem trabalhamos ou com os nossos amigos e parceiros, é muito fácil cair em conversas mundanas e superficiais. Mesmo perguntas bem-intencionadas como “como correu o teu dia?” podem parecer uma rotina e motivar respostas em piloto automático. É aí que ter algumas perguntas já pensadas pode ser útil para promover conversas autênticas e interessantes. 

 

“Cada interação apresenta uma oportunidade única de estabelecer uma ligação mais profunda através de um diálogo empático e atencioso”, afirma Bernal. “As perguntas e formas de iniciar conversas desempenham um papel fundamental nesta tarefa, servindo como formas de estabelecer trocas e contacto mais ricas e envolventes.”  

 

Quando achar que é o momento certo, experimente algumas das perguntas favoritas de Bernal. 

 

Pergunte aos seus colegas… 

  • Porque é que te dedicas a esta profissão? 
  • Este trabalho realiza os teus sonhos? 

 

Pergunte à sua cara-metade… 

  • Quem és no teu âmago, mais além dos rótulos sociais? 
  • Sentes-te amado(a)? 

 

Pergunte aos seus filhos… 

  • Que atividades vos fazem perder a noção do tempo? 
  • Qual a coisa que faço de que vocês mais gostam? 

 

Pergunte aos seus pais… 

  • Quem eram vocês antes de terem filhos? 
  • Quais eram os vossos sonhos? 

 

Pergunte aos seus irmãos… 

  • Qual é a vossa perspetiva da nossa história de infância? 
  • Vocês veem a nossa mãe e o nosso pai e a forma como eles nos criaram da mesma maneira que eu? 

 

Pergunte a um estranho… 

  • Qual é a sua história? 
  • Que experiências fizeram de si quem é? 

COMO DESFRUTAR DE CONVERSAS MAIS PROFUNDAS 

 

Começar a ter conversas profundas e com significado pode ser intimidante, sobretudo se estiver a tentar mudar uma dinâmica com as outras pessoas que podem estar confortáveis com o seu status quo. Também é possível que haja um ligeiro desconforto se a sua forma de iniciar uma conversa profunda for inoperante.  

 

Mas não tenha medo, Bernal dá-lhe dicas para desfrutar de interações mais profundas e para dar espaço a que os outros se sintam confortáveis a seguir o seu exemplo. Esperamos que isso também ajude a que consiga ultrapassar quaisquer momentos desconfortáveis. 

 

1. Prepare-se para ser vulnerável

“Quando lhe fizerem uma pergunta superficial, responder de forma criteriosa e profunda pode alterar a dinâmica da interação, demonstrando o valor e a importância de uma relação com mais significado”, afirma Bernal. “Esta abordagem não só enriquece as nossas relações pessoais, como também serve como um convite subtil para que as outras pessoas se envolvam de forma mais profunda, criando um efeito em cadeia que pode transformar a natureza das conversas dentro da nossa comunidade.” 

 

2. Veja o desconforto como um caminho para estabelecer ligações

“O desconforto inicial advém, com frequência, da falta de familiaridade e não de uma estranheza inerente à procura de algo mais profundo”, refere Bernal. “Como qualquer outra competência, a arte de ter conversas profundas torna-se mais natural e confortável com o tempo e a repetição.” 

 

3. Honre a sua necessidade de ligações mais profundas

Para Bernal, reconhecer e honrar a sua necessidade de ligações mais profundas é fundamental: “Se sentir um desejo genuíno de estabelecer relações com mais significado, é importante perseguir esse instinto. As pessoas com quem pretende estabelecer uma relação mais profunda vão agradecer os seus esforços e fazer o mesmo.” 

 

4. Utilize o desconforto como um filtro

“As reações variadas que recebe ao tentar estabelecer conversas mais profundas podem funcionar como filtro, ajudando a identificar quem quer ter na sua vida”, sugere Bernal. “Embora seja importante recordar que todos temos preferências diferentes ao nível das interações e que nem toda a gente se identifica com o desejo de ter um envolvimento mais profundo. E isso é perfeitamente normal.” 

  

5. Inspire os outros com a sua coragem

“Ao tomar a iniciativa de fazer perguntas profundas e procurar ligações mais íntimas, também serve de inspiração para os outros”, afirma Bernal. “Muitas pessoas anseiam ter interações com mais significado, mas privam-se disso devido ao medo do desconforto ou da rejeição. A sua coragem de romper essas barreiras não só enriquece as suas experiências sociais, como também incentiva os outros a explorarem além da superfície nas suas relações.” 

 

6. Dê o salto e não faça juízos de valor

“Para ultrapassar verdadeiramente o desconforto associado às conversas profundas, é essencial dar esse salto sem pensar demasiado ou sem temer os juízos de valor”, aconselha Bernal. “Lembre-se de que no pior dos casos, o que pode acontecer é que alguém não se identifique com a sua abordagem, mas mesmo isso tem um lado positivo: ajuda a revelar aquelas pessoas que estão verdadeiramente alinhadas com o seu eu autêntico.” 

 

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Amy Lewis

Amy Lewis

Amy Lewis é britânica e editora de beleza, com mais de 12 anos de experiência a escrever para sites e revistas, incluindo Marie Claire, Stylist, Who What Wear e Byrdie. Interessa-se por tudo o que tem a ver com cuidados de rosto, bem-estar e viagens e um dos seus passatempos favoritos é tomar um bom banho de imersão.