A autenticidade é uma peça importante do puzzle para viver uma vida feliz e plena. Com frequência, as decisões que tomamos no dia a dia podem basear-se no nosso ego ou em querermos agradar os demais. Mas sabermos o que é importante para nós e sermos autênticos vai ajudar-nos a viver uma vida mais feliz e vai ajudar a que a felicidade se espalhe entre as pessoas mais próximas de si. Num estudo, detetou-se que as pessoas com pontuação mais alta ao nível de viver com autenticidade eram mais felizes, mais otimistas e tinham mais autoestima.
Para ajudar a revelar o seu “eu” autêntico, pedimos à orientadora e oradora Lucy Sheridan para nos guiar no caminho para viver uma vida com verdade e autenticidade.
Rituals: Porque é importante viver de forma autêntica?
Lucy Sheridan: Viver de forma autêntica é assumir quem somos: o que pensamos, aquilo em que acreditamos e como nos comportamos no mundo. Quando não vivemos de acordo com o que somos verdadeiramente, é como se usássemos uma máscara. Mas quando optamos por nos mostrarmos como verdadeiramente somos, tiramos a máscara e acabamos com a representação pérfida e esgotadora que implica.
Os efeitos positivos de viver de forma autêntica incluem:
- Preocuparmo-nos menos com as opiniões dos outros, pelo que podemos agir mais rapidamente.
- Tomarmos decisões melhores que contribuem para os nossos objetivos, porque não nos pomos em segundo plano.
- Termos mais confiança e autoconfiança porque sabemos que qualquer que seja o resultado, seguimos os passos que, no momento, nos pareciam adequados.
- Podermos ter mais confiança à medida que comunicamos o que pensamos e sentimos realmente, em vez de aquilo que é popular ou que pensamos que as pessoas querem ouvir.
Partilhei esta Ted talk online e com clientes, vale a pena vê-la.
Rituals: Somos diariamente bombardeados com informações e imagens nas redes sociais, como podemos anular o ruído para descobrir o nosso autêntico “eu”?
Lucy Sheridan: Podemos definir critérios para o que queremos que as redes sociais sejam; se formos passivos e utilizarmos apps sem intenção, então, de certa forma, estamos a participar nesse bombardeamento, portanto devemos assumir o controlo.
Podemos fazer um diário sobre o que queremos ver mais, ver menos, sobre o que queremos aprender e sobre o que queremos ter mais perspetivas ou pontos de vista diferentes.
Depois, devemos refinar o nosso feed para que este seja um reflexo dos nossos desejos e necessidades. E é importante recordar que seguir alguém não significa que concordemos com essa pessoa; eu sigo contas que têm pontos de vista opostos aos meus, porque não ter consciência de que existem seria viver numa bolha.
Rituals: Quais são as suas dicas para olharmos para dentro, em vez de nos comprarmos com os outros, como indicadores de sucesso e confiança?
Lucy Sheridan: É muito importante parar, respirar e focarmo-nos; a comparação só alimenta a distração. Incentivo as pessoas a pensarem em alguns pontos fundamentais:
- O quero e desejo realmente na minha vida? Quais são os meus objetivos?
- E porquê? Quais são os meus motivos e motivações?
- Esses objetivos ou crenças foram herdados de outra pessoa? Por exemplo, de uma figura parental autoritária.
- Esses objetivos foram estabelecidos há muito tempo? Talvez estejam desatualizados ou pertençam a outro momento vital.
É muito importante que pensemos atenta e rigorosamente para definir o nosso sucesso; assim, recuperamos a nossa autonomia e somos menos influenciados pelos outros. Podemos seguir pelo nosso próprio caminho.
Rituals: Tem 3 dicas que os nossos leitores possam experimentar para os ajudarem a descobrir o seu verdadeiro “eu” e começar a viver de forma autêntica?
Lucy Sheridan: Para além do que já disse, peço sempre aos clientes para escolherem uma “palavra-bússola” que funcione como ferramenta para os ajudar a viver com intenção e autenticidade. Que palavra descreve aquele que queremos que seja o tema do ano que temos pela frente, com o qual possamos medir os nossos pensamentos, palavras e ações? Para que possa viver de acordo com ela.
Por exemplo, pode ser “expandir”, o que nos incentiva a ter coragem e a ir atrás do que quer.
Pode ser, talvez, algo mais simples, como “consolidar”, porque isto levar-nos-ia a atar cabos soltos, a não nos preocuparmos demasiado e a dedicarmos tempo ao que é importante.
Devemos ser conscientes das pessoas e das coisas que têm uma influência forte ou presente na nossa vida. Isto não significa que devamos destruir as nossas amizades! Trata-se de começarmos a agir de acordo com o que queremos. Por exemplo, talvez não tenha vontade de fazer a viagem de grupo a Ibiza que se está a planear para o ano que vem. Se for esse o caso, o próximo passo é encontrar uma forma de comunicar que não vai, para que possa fazer outra viagem ou poupar/investir o dinheiro em algo que lhe pareça adequado. Pode chocar-nos descobrir que a música de que gostamos, a roupa que vestimos, as coisas às quais dedicamos o nosso tempo… talvez não sejam sempre uma escolha consciente e que, em vez disso, estamos simplesmente a ir ao sabor da maré.
Rituals: Quanto tempo demora até vivermos uma vida autêntica?
Lucy Sheridan: Reclamar quem somos é um processo, portanto não devemos pressionar-nos para fazermos todas as mudanças que queremos da noite para o dia.
Talvez encontremos alguns obstáculos pelo caminho que nos façam sentir que não estamos a fazer o suficiente ou que nos levem a autossabotar-nos. Se quiserem ler mais sobre a autenticidade, como ajuda para se manterem no bom caminho, recomendo The Big Leap, de Gay Hendricks e, se me permitem, o meu livro The Comparison Cure.