Talvez não conheça o termo japonês ikigai, mas certamente já ouviu a expressão francesa raison d’être. Na sua origem, ambas significam o mesmo: o motivo de estarmos vivos. Sabermos por que motivo estamos vivos e qual é o nosso propósito na vida são aspetos importantes do ikigai e podem muito bem ser o segredo para uma vida mais longa e saudável.
Semelhante ao conceito africano do “Ubuntu”, se conseguirmos sentir que somos benéficos para a comunidade, dando o nosso contributo, podemos sentir verdadeiramente o nosso valor, o que, por sua vez, influencia a nossa felicidade e coragem de viver. Fazer parte de um grupo de amigos, de colegas ou de uma comunidade local, ter essa sensação de pertença, dá-nos, de muitas formas um sentido de propósito, uma identidade. Quando sabemos quem verdadeiramente somos, podemos definir o que nos faz felizes, qual o nosso papel e como queremos que sejam as nossas relações. Por outro lado, esse conhecimento ajuda-nos a descobrir se somos sinceros connosco e a encontrar significado no nosso dia a dia e isso, é o nosso “ikigai”.
É só quando decidimos participar ativamente numa comunidade que sentimos um laço mais forte com a nossa identidade e com o nosso ikigai.
Viver nas zonas azuis
Talvez para nós, no mundo ocidental, seja um conceito pouco conhecido, mas os japoneses confiam firmemente na sua eficácia. E mais do que isso: segundo Dan Buettner, jornalista de The New York Time, o ikigai é o motivo pelo qual na ilha japonesa de Okinawa há tantas pessoas com mais de 100 anos. Para além de jornalista, Buettner também é o fundador do website. Buettner acredita que há uma diferença significativa entre a forma como vivemos no Ocidente e como se vive nas “Zonas Azuis” de todo o mundo, cujos residentes vivem vidas mais longas e felizes. Estes locais extraordinários, que vão de Okinawa, no Japão, à Sardenha, em Itália, proporcionam informações valiosas relativamente a hábitos de estilo de vida e rotinas diárias que promovem uma longevidade excecional.
Enquanto nós temos tendência para levar as coisas com muita calma quando nos reformamos, um japonês médio tem sempre consciência de qual é o seu ikigai. Buettner refere um professor de karaté de 101 anos como exemplo: continua a ir ao ginásio todos os dias. Ou o pescador que, apesar da idade, continua a pescar para a família três vezes por semana. Não se esqueça de ver a sua série da Netflix: Live to 100:
Em Okinawa - e na verdade em todo o Japão - não existe isso da “reforma”. Hector García, coautor do livro Ikigai: The Japanese Secret to a Long and Happy Life, diz o mesmo. “Vivo no Japão há 13 anos e ainda não consegui descortinar qual a definição de ‘reforma’ aqui” Os japoneses continuam a “trabalhar” mesmo que o tipo de trabalho e o nível de responsabilidade mude, segundo García.
Encontre o seu Ikigai
Resumindo, o Ikigai é definitivamente o segredo para uma vida longa e saudável. Alimente o seu sentimento de propósito fortalecendo os seus laços com a comunidade, para sentir um vínculo mais forte com a sua identidade e o seu ikigai. Seja amável consigo e aceite-se para compreender realmente quem é.
E como se encontra o ikigai? É mais fácil do que pensa. Só tem de considerar estas quatro coisas:
Do que é que gosta realmente?
O que é que faz bem?
Do que é que o mundo precisa?
Como pode ganhar dinheiro?
O ponto de encontro das respostas a todas estas perguntas é onde pode encontrar o seu ikigai. Além disso, é importante distinguir entre o que o coração realmente quer e um simples desejo. Se for apenas um desejo, qualquer pequeno obstáculo pode fazê-lo desaparecer. Mas se for algo que realmente quem com o coração, é tão forte que é capaz de ir até ao fim para atingir o seu objetivo. Procure e encontre o seu ikigai, porque todos queremos viver uma vida longa e saudável. Não se trata de se tornar a melhor versão de si, mas sim a versão mais honesta de si.
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